04/08/2019 – 09H32 – ATUALIZADA ÀS 09H32 – POR AGÊNCIA O GLOBO
Município paulista foi considerado 3ª melhor cidade média das Américas para atração de capital internacional
Cercada por propriedades rurais, a cidade de Jundiaí, a 60 quilômetros da capital paulista, mantém o clima de interior, com grandes praças arborizadas e trânsito relativamente calmo. Quem chega ao município pelas rodovias Anhanguera e Bandeirantes, entretanto, percebe que a cidade não é mais apenas a terra da uva e do vinho, como ficou conhecida nacionalmente. Jundiaí vem passando por uma transformação que a tornou um polo de atração de empresas de alta tecnologia e logística. Essa mudança foi captada pela revista Foreign Direct Investment Strategy, do grupo britânico Financial Times, uma espécie de guia para empresas que procuram bons lugares para investir em qualquer lugar do planeta.
Jundiaí foi apontada pela revista como a terceira melhor cidade média das Américas em custo-benefício para atração de investimentos estrangeiros. No ranking Cidades Médias do Futuro 2019/20, o município paulista ficou atrás apenas das capitais San José, na Costa Rica, e San Salvador, em El Salvador.
— Selecionamos 218 cidades das Américas, entre pequenas, médias e de grande porte, para o estudo Cidades do Futuro. Foram analisados itens como potencial econômico, facilidade empresarial, capital humano e estilo de vida e conectividade. Jundiaí se classificou como a primeira no Brasil e a terceira nas Américas na atratividade de investimentos — explicou Naomi Davies, diretora de pesquisa e de rankings da revista.
A paisagem rural da colonização italiana vem ganhando contornos de polo industrial, com produção que vai de alimentos a transformadores para a indústria de energia. Estão lá empresas como a Foxconn, de Taiwan, maior fabricante de componentes eletrônicos do mundo, que produz iPads e iPhones para a Apple; e a alemã Siemens, que lá instalou um centro de pesquisa de Internet das Coisas (ecossistema de equipamentos conectados).
Um dos fatores que pesa na hora de uma empresa se instalar na cidade é sua localização. Jundiaí fica a apenas 40 minutos de São Paulo, centro financeiro do país, e a meia hora de Campinas, outra cidade de destaque econômico. Do Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, a distância é de uma hora. Do Porto de Santos, de uma hora e meia. Jundiaí ainda tem seu próprio aeroporto de aviação executiva.
— A cidade tem um clima de tranquilidade, muito diferente de metrópoles como São Paulo. E aqui encontramos mão de obra qualificada, preparada pelas escolas técnicas do município — conta Marcello Fanuchi, diretor industrial da Premier Tech Chronos (PTC), multinacional canadense que inaugurou uma nova sede na cidade em junho.
Fanuchi elogia a qualidade de vida em Jundiaí. Já a PTC optou pela cidade por sua boa infraestrutura e ponto privilegiado para exportação. A companhia é uma das maiores fabricantes de equipamentos de embalagem do mundo e tem 4.500 funcionários em 44 fábricas. A unidade de Jundiaí é a única na América do Sul e exporta para Argentina, Chile, Colômbia e Equador.
— A posição da cidade é estratégica para uma boa logística — diz Fanuchi.
Continuidade na administração pública, planejamento de longo prazo e contas públicas no azul foram fundamentais para o salto de Jundiaí como potência industrial. O planejamento fez com que a cidade escapasse do racionamento de água vivido por São Paulo em 2014. Antecipando-se a uma possível escassez, a cidade construiu uma represa com capacidade para 8 bilhões de litros d’água. No planejamento da cidade até 2030, uma nova represa já está em construção, com investimento de R$ 300 milhões, em parceria com a iniciativa privada.
Indústrias de bebidas como a brasileira Ambev e a mexicana Femsa, que têm na água sua principal matéria-prima, não foram afetadas pelo problema. Segundo a Femsa, a infraestrutura hídrica e energética da cidade foi decisiva para se instalar lá. Hoje a fábrica de Jundiaí é a maior produtora de Coca-Cola do mundo.
— Temos planejamento de longo prazo, com metas estabelecidas em diversos setores para 2030 e 2050. Aqui não fazemos guerra fiscal para atrair as empresas, e Jundiaí tem um histórico de continuidade administrativa — conta o atual prefeito da cidade, o advogado Luiz Fernando Arantes Machado (PSDB), de 41 anos, mineiro de Patos de Minas, que adotou Jundiaí ainda jovem.
A tecnologia torna a gestão da cidade mais ágil. Por meio de um telão instalado em seu gabinete, o prefeito controla os 280 projetos municipais em andamento. Há o projeto de um “anel” de fibra óptica ao redor da cidade, com 310 quilômetros de extensão. O objetivo é interligar todos os serviços públicos com banda larga de alta velocidade.
— Quando não há impacto ambiental e a documentação já está pronta, temos uma ferramenta eletrônica que libera o alvará de funcionamento para uma empresa em tempo real, já que tudo é sincronizado com os demais órgãos da prefeitura — explica José Antonio Parimoschi, gestor de governo e finanças da cidade.
Ele nasceu em Jundiaí e, mesmo quando trabalhava na capital paulista, preferia ir e voltar todos os dias a se mudar:
— Não troco essa qualidade de vida, com grandes áreas verdes e tranquilidade.
A empresa sueca Sandvik Coromant, que fabrica ferramentas para usinagem, mudou-se em março de Santo Amaro, onde estava há 50 anos, para Jundiaí. Montou ali um centro de tecnologia que vai oferecer treinamento para 3 mil pessoas, entre estudantes de escolas técnicas da região e profissionais da área, já com o conceito de indústria 4.0, em que a manufatura é digital. O grupo Sandvik tem unidades em 146 países e fatura US$ 10 bilhões ao ano.
— Aqui estamos próximos de universidades como a Unicamp e de nossos clientes — diz Fabio Ferracioli, gerente de marketing da Sandvik para a América Latina.
Com esse ciclo de atração de empresas, o município fortaleceu seu caixa para investir em educação, saneamento básico e saúde. Hoje, a partir dos 4 anos, os alunos da rede municipal já têm aulas de inglês. Em parceria com a iniciativa privada, também são oferecidas aulas adicionais de educação financeira.
A população pode aprender, gratuitamente, até sete idiomas em um centro mantido pela prefeitura. A cidade concedeu à iniciativa privada a gestão do esgoto, que, hoje, é quase 100% tratado.
—A cidade tem Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) comparável ao de países desenvolvidos — diz Alex Agostini, economista-chefe da Austin Ratings, que faz o rating da cidade desde 2008.
O IDH mede o grau de desenvolvimento em saúde, educação e renda. Jundiaí tem o quarto maior índice do estado de São Paulo. Agostini lembra ainda que a cidade tem histórico de equilíbrio de receitas e despesas:
— Isso faz com que a cidade tenha autonomia para pagar suas contas, com receita própria, e ainda obter poupança, gerando capacidade de investimento. Invista em Imóveis em Jundiaí, conte com a Mainardi Consultoria para apoia-lo na sua decisão de uma nova vida em 2020.